sábado, 7 de maio de 2016

Dia das mães.



Sempre me vêm às lembranças,
a sua ternura a paz sorridente.
Era ela sinônima de esperanças,
força da fé no Deus Onipotente.

Quando a via naquela cadeira,
o seu olhar carinhoso aos netos,
sentia emoção na voz rasteira,
expressão máxima do seu afeto.

Quisera a estranha força da fé,
que possa me fazer o protegido,
em mar revolto vencer a maré,
sinto sob seu manto um ungido.

Hoje olho o céu, vejo as estrelas,
lá entre elas sei que já descansa.
A estrela cadente vem à janela,
sinto a benção. Vejo-me criança.

Toninhobira
07/05/2016
Mais sobre mãe: toninhobira.blogspot

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A todas as mães desejo uma explosão de carinhos,
Neste dia e em todos os dias de suas vidas.Parabéns mães. Feliz dia todo dia!


terça-feira, 3 de maio de 2016

Revoadas em minhas memórias.


Todos os domingos lá pelos anos 60 era dia de ir à missa na catedral, na pequena cidade de Itabira, para o povo do bairro da poeira vermelha. Era dia de vestir a melhor roupa e até calçar sapatos. Era também dia de comer macarronada feita com sardinha, acompanhada de lombo de porco ou a famosa galinha caipira com quiabo e angu. Era especial.

Os meninos das ruas de poeira, adorávamos ir à missa na catedral no centro da cidade era o passeio em nome da religiosidade de nossos pais. Sabíamos da presença junto ao pirulito no adro da igreja, de um velho senhor com o carrinho de pipoca e outro com carrinho de algodão doce branco como as nuvens que às vezes passeavam pelo Céu. Era para nós um dia de festa.

Ao lado da catedral um paredão de cimento com vários furos onde as andorinhas faziam seus ninhos e chocavam seus filhotes, que vinham aumentar esta família, que faziam revoadas quando os sinos badalavam ou quando alguns fogos de artifícios eram queimados nas festas religiosas. Mas todos os dias às dez horas aconteciam as explosões com dinamite pela Companhia Vale do Rio Doce na Mina do Pico Cauê. As explosões faziam tremer a cidade, as janelas de nossas casas faziam uma bateria e muitas vezes quebravam. Era lindo ver as andorinhas por toda a cidade, principalmente juntinhas pelos poucos fios de eletricidade da cidade, naquele severo frio da época.

Nós os meninos das ruas de poeira exímios caçadores de passarinhos, nunca usávamos nossos estilingues contra elas, eram como pássaros abençoados vindos do paredão da catedral. No catecismo as irmãs de caridade sempre alertavam para não maltratar as andorinhas e nós os meninos em grupo brincávamos dizendo, que as freiras eram como as andorinhas com aquela roupa preta e o peito branco.

Mas um dia as andorinhas começaram a sumir dos fios da cidade, poucas ainda revoavam pelo adro da catedral. Devia ser porque no centro da cidade mais carros surgiam, mais agitações que espantaram as andorinhas. Numa madrugada chuvosa uma noticia correu a cidade sobre a queda de um lado da catedral com as andorinhas voando revoadas para não mais voltarem por lá. Nossa catedral interditada e fim de nossas festas semanais. Muito se especulou da queda da igreja e podia notar a tristeza de seu famoso padre José Lopes, por nós conhecido como Padre Zé Lopão devido sua fúria diante nossos pecados confessos.

No nosso céu e ruas da cidade apareceu um estranho passarinho de cor estranha parda, que logo disseram que era Pardal, passarinho comum na capital, que alguém trouxe acasalado e soltou em seu quintal e este procriava rápido e espalhou pela cidade. O pardal não construía ninho e se apossava dos ninhos alheios quebrando os ovos e pondo os seus. E foi assim que as andorinhas foram sendo expulsas sem conseguir reproduzirem até sumirem de vez dos nossos olhos. Os pardais venceram as nossas andorinhas, que hoje fazem revoadas nas minhas memórias de menino das ruas de poeira vermelha lá no alto da cidade.
Toninho.
25/04/2016 
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Que a semana esteja a fluir belamente.


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Para quem é saudosista pode curtir abaixo.