A
gente não entende até onde vai a fúria da mineração.
Uma
empresa de mineração de nome Maybach vem causando um transtorno na vida dos
moradores da pequena localidade de Catas Altas entre Santa Barbara e Mariana. A
Maybach esta fazendo sondagens no sentido de explorar minerais nas serra que
compõem o complexo histórico turístico de Caraças, mais precisamente na área
das nascentes do rio Maquiné. Onde ainda se mantém o famoso convento do Caraça
com seus capuchinhos e padres da Arquidiocese de Mariana. Serras não renascem, serras
não gritam por socorro, mas a mãe natureza dá resposta terrível em forma de
catástrofe à comunidade.
A
serra é cartão postal daquela região tendo como ilustração velhos casarões
conservados em seu sopé mantendo a histórica imagem. Ameaça terrível às
nascentes dos rios e às cachoeiras do lugar. Temo pela exuberante fauna e
flora, que meus olhos tanto se encantaram nas visitas.
Governo
de Minas, onde anda sua autoridade e cultura? Como não intervir rapidamente, no
sentido de frear estes loucos por minérios de ferro e outros minerais. Não
basta o que se fez com a Serra do Curral no alto da Belo Horizonte? Vejam
autoridades o visual daquela serra pelada agredindo os olhos, onde verde se via
hoje uma mancha de cor avermelhada, com poeira espalhando pela cidade, tingindo
o céu anil de Belo Horizonte, até não mais poder ver o belo horizonte. Até
quando vamos assistir esta desenfreada corrida pelos minerais desta terra, sem
nenhum critério?
A
população se manifesta atos e protestos enquanto as autoridades apenas se dizem
incapazes de veto, alegando que fará uma rígida fiscalização, como se isto
realmente ocorresse contra estas grandes empresas de mineração. Não
autoridades, o povo não lhes colocou no trono para esta apatia, este
cumprimento cego das vontades dos poderosos.
Fico
a imaginar o stress, o medo da família do Lobo Guará com as sucessivas
explosões de dinamite na extração das jazidas. Com certeza sairão na busca
desenfreada por lugar tranquilo e temo que não mais exista este lugar pela
região, depois da fúria da Vale. Será que vale autoridades estes repasses em
impostos como esmolas, ou mesmo um pagamento por algo errado que praticam? Amanhã
quando não se vê serras, lobos, água, cachoeiras será que os royalties poderão
recompor esse estrago?
Meu
grito ao povo no sentido de acompanhar todo o processo, pois nossas serras não
renascerão, nem os lobos preservados serão a sua atração daquele mosteiro
incrustado entre serras. Hoje quando olho para as serras que os meus olhos
tanto namoraram, que meus olhos nunca alcançaram o topo, sinto uma angustia danada
de saber que o homem, não tem mais limites para com a natureza. Que o capital
não pensa um mundo melhor no futuro. O progresso que eles pregam para a região
é mesmo o fio da navalha, o abismo.
Povo
simples, humilde, povo pobre que sonha com vida material melhor, que é enganado
em sua simplicidade apenas para atender o capital. Eu penso, eu sofro, será que
o capital vence mais esta maquiavélica batalha? Assim meu lobo Guará, o melhor
a fazer é juntar todas suas tralhas e fugir, quem sabe para o Pico do Itambé,
antes que do seu coro façam tapetes para expor em uma sala de uma empresa que
representou seu fim. Oh, Minas Tão Gerais!
Reedição
Inspirado em relatos no jornal "uai on line" (Estado de Minas em 09/08/2010) sobre pedido de licença para exploração de minerais na região.
Toninhobira
10/08/2010.
Volta no tempo.em tempo
Volta no tempo.em tempo
"Só quando a última
árvore for derrubada, o último peixe for morto e o último rio for poluído é que
o homem perceberá que não pode comer dinheiro." (Provérbio Indígena).
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Explico a reedição
Era o ano de 2010, precisamente
18 de Agosto, eu iniciava pela blogosfera, quando soube de um trabalho de
pesquisa sondagem do subsolo em busca de minério de ferro e outros materiais,
talvez o próprio ouro, na região de Mariana-MG. Como conhecia muito bem a
região com sua reserva florestal, do patrimônio histórico e do habitat natural do
lobo Guará (em extinção) protegido pela empresa CEMIG.
O Governo mineiro fechou os
olhos para o que todos temiam, ou seja, a exploração desenfreada das serras,
como é comum das mineradoras. Nos anos subsequentes nas visitas à minha cidade
natal Itabira-MG, ouvia noticias da exploração e expansão da mineração na
região por meio de vários parentes alegres pelo trabalho na área da Vale do Rio
Doce. Soube dos transtornos nas pequenas cidades e vilarejos da região. Devido circulação
de caminhões pesados, causando danos às estruturas das construções antigas. Igrejas,
casarões tiveram de ser escorados e recuperados. A boazinha da empresa fazia os
serviços e doações em melhorias na região como a justificar sua presença no progresso
da região. Mas o pior estava por vir como uma bomba relógio.
Lamentavelmente o pior
aconteceu e o meu medo foi bem pior que os danos à natureza e historia. Agora choramos
as vitimas a destruição de uma região no maior desastre ecológico conhecido em
Minas Gerais. Um mar de lama partindo de Minas em direção ao mar do Espirito
Santos e no seu caminho vai causando estragos irreparáveis por muitos anos aos
rios, fauna e flora. É de doer, ver o povo expulso pela irresponsabilidade e
perdendo tudo em material e historias, pois não tiveram de tempo de recuperar
nada, apenas se livrar da morte, os que tiveram sorte.
Tragedia anunciada.
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Uma boa semana a todos.