E se não houver o amanhã real?
Se não houver flores no jardim?
Sem as frutas doces pelo quintal
os passarinhos cantarão enfim?
Apaga-se do rosto nosso sorriso,
fica aberta uma velha cicatriz,
que sangra e me rouba o juízo.
Alucinarei num velho chafariz.
Viver-se-á assombrosa ausência,
nos porões sombrios do infinito
com sentimento de impotência,
perante a solidão como um rito.
Pois que o amanhã fica distante,
e olha, o que não mais te alcança
perde-se o encanto neste instante
num inatingível passo da dança.
Toninho
20/06/2017
************************
Creio que esta inspiração seja reflexo do livro:
"Não verás país nenhum" (Ignácio Loyola Brandão) lido nos anos 80